O presente estudo tem como objetivo analisar as principais contribuições de mulheres sociólogas e pensadoras dos séculos XX e XXI que transformaram o campo da sociologia ao introduzirem perspectivas feministas, antirracistas e decoloniais. Organizado em quatro eixos — pioneiras do século XX, sociologias de gênero e raça, perspectivas decoloniais e produção contemporânea —, o estudo destaca autoras que ampliaram a compreensão das estruturas sociais a partir de experiências historicamente marginalizadas. A partir de Heleieth Saffioti, Simone de Beauvoir, Ann Oakley e bell hooks, até as formulações de Patricia Hill Collins, Kimberlé Crenshaw, Lélia Gonzalez, Amina Mama, Oyèrónké Oyěwùmí, Silvia Rivera Cusicanqui, María Lugones, Rita Segato, Nancy Fraser, Nira Yuval-Davis e Pumla Gqola, evidencia-se o diálogo entre gênero, raça, classe e colonialidade. Conclui-se que as sociologias feministas e decoloniais constituem campos fundamentais para a renovação crítica da teoria social contemporânea.
Palavras-chave: Sociologia feminista. Gênero. Raça. Decolonialidade. Epistemologias críticas.
1. Introdução
A sociologia, desde sua constituição no século XIX, foi marcada pela predominância de perspectivas masculinas e eurocêntricas. Contudo, ao longo do século XX, mulheres intelectuais passaram a ocupar espaços de produção científica e política, questionando as bases androcêntricas e coloniais da teoria social. As contribuições dessas pensadoras permitiram o surgimento de uma sociologia feminista, negra e decolonial, comprometida com a justiça social e a reconstrução epistemológica do conhecimento.
Este artigo propõe uma leitura panorâmica e crítica da contribuição de dezesseis mulheres sociólogas e filósofas sociais, agrupadas em quatro eixos temáticos. O objetivo é compreender como suas produções teóricas dialogam e reconfiguram a compreensão das relações sociais de poder, revelando novas possibilidades interpretativas sobre o mundo contemporâneo.
Conceitos sociológicos de mulheres sociólogas do século XX e XXI
1. América Latina
Heleieth Saffioti (Brasil)
Pioneira da sociologia feminista no Brasil, Heleieth Saffioti (1934–2010) uniu o marxismo à análise de gênero e classe. Em obras como A Mulher na Sociedade de Classes (1969), desvelou a dupla exploração da mulher — pelo capital e pelo patriarcado. Saffioti foi uma das primeiras a introduzir a perspectiva materialista na compreensão da opressão feminina, propondo que a emancipação das mulheres depende da transformação estrutural da sociedade.
Marilena Chauí (Brasil)
Filósofa e socióloga, Marilena Chauí (n. 1941) investiga ideologia, poder e autoritarismo no contexto brasileiro. Sua reflexão sobre a “ideologia da competência” e o “autoritarismo social” explicita como as desigualdades são naturalizadas nas instituições. A autora também discute o papel da cultura na formação da cidadania e da consciência crítica, influenciando os estudos de sociologia política e filosofia social.
Eva Blay (Brasil)
Eva Blay (n. 1937) é uma das fundadoras dos estudos de gênero no Brasil e criadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero (USP). Sua produção aborda o feminismo como prática política e científica, destacando o papel das mulheres na construção da democracia e na formulação de políticas públicas. Trabalha com temas como violência de gênero e participação feminina na vida pública.
Sueli Carneiro (Brasil)
Sueli Carneiro (n. 1950) é socióloga, filósofa e ativista do feminismo negro. Fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, desenvolveu o conceito de “epistemologia do ponto de vista da mulher negra”. Sua crítica denuncia o racismo estrutural e o sexismo institucional, defendendo a autonomia intelectual e política das mulheres negras na sociedade brasileira.
Lélia Gonzalez (Brasil)
Lélia Gonzalez (1935–1994) articulou gênero, raça e cultura na América Latina, introduzindo o conceito de amefricanidade. Essa noção propõe uma identidade afro-latino-americana que valoriza as raízes africanas e indígenas na formação do continente. Sua sociologia critica o eurocentrismo e propõe uma epistemologia afrocentrada e feminista.
Gilda de Mello e Souza (Brasil)
Gilda de Mello e Souza (1931–2005) foi socióloga e crítica cultural, interessada nas expressões simbólicas da sociedade brasileira. Pesquisou moda, estética e comportamento, destacando a moda como linguagem social capaz de revelar valores, hierarquias e identidades coletivas. Sua abordagem une sociologia, história e cultura material, mostrando como práticas cotidianas refletem e reproduzem estruturas sociais e padrões de poder.
Rita Laura Segato (Argentina/Brasil)
Rita Laura Segato (n. 1951) é antropóloga e socióloga com foco em gênero, violência sexual e patriarcado. Desenvolveu o conceito de “pedagogia da crueldade”, analisando como a violência contra as mulheres funciona como instrumento simbólico e estrutural de dominação patriarcal. Seu trabalho integra perspectiva feminista e decolonial, discutindo as conexões entre colonialismo, Estado e violência de gênero.
Elizabeth Souza-Lobo (Brasil)
Elizabeth Souza-Lobo (1940–2011) estudou o trabalho feminino e a condição das mulheres na sociedade brasileira. Sua pesquisa abordou a divisão sexual do trabalho e as desigualdades estruturais que afetam o acesso das mulheres ao mercado e à autonomia econômica. A autora desenvolveu análises que combinam marxismo e feminismo, mostrando como gênero e classe se articulam na exploração social.
Teresa Caldeira (Brasil)
Teresa Caldeira (n. 1958) é antropóloga urbana e socióloga, conhecida por suas pesquisas sobre espaço urbano, violência e cidadania. Em obras como Cidade de Muros, analisa a segregação social, a criminalidade e a percepção de segurança nas cidades. Introduziu o conceito de “cidadania periférica”, enfatizando a relação entre desigualdade espacial e vulnerabilidade social.
María Lugones (Argentina/Estados Unidos)
María Lugones (1944–2020) foi filósofa e socióloga decolonial. Propôs o conceito de “colonialidade de gênero”, articulando opressões de raça, gênero e colonialidade. Sua obra conecta feminismo, pensamento latino-americano e estudos pós-coloniais, oferecendo uma análise crítica das relações de poder globais e da exclusão histórica das mulheres racializadas.
Silvia Rivera Cusicanqui (Bolívia)
Silvia Rivera Cusicanqui (n. 1949) é socióloga aimará e ativista decolonial. Desenvolveu o conceito de ch’ixi, uma perspectiva que reconhece a coexistência de diferentes identidades culturais sem que uma se subjugue à outra. Seu trabalho critica o colonialismo e o patriarcado, propondo uma epistemologia que valoriza os saberes indígenas e a resistência histórica.
Ana María Fernández (Argentina)
Ana María Fernández (n. 1950) é socióloga e psicossocióloga, estudando gênero, subjetividade e relações de poder. Sua produção acadêmica combina análise crítica com abordagens feministas, enfatizando a experiência das mulheres em contextos de opressão social e política. Destaca-se na análise das dinâmicas sociais que moldam identidades e relações de gênero.
Margarita Pisano (Chile)
Margarita Pisano (1932–2015) foi ativista e teórica feminista chilena. Articulou movimentos feministas radicais, discutindo autonomia, liberdade e igualdade. Pisano propôs a valorização da experiência feminina como fonte de conhecimento e resistência. Seu pensamento combina teoria e militância, fortalecendo a perspectiva feminista latino-americana.
Elizabeth Jelin (Argentina)
Elizabeth Jelin (n. 1948) é socióloga e pesquisadora da memória, direitos humanos e gênero. Sua análise conecta violência política e social com construção de gênero e cidadania. Jelin destaca a importância da memória coletiva para entender a opressão e o papel das mulheres na resistência e transformação social.
Patricia Hill Collins (EUA/Influência na América Latina)
Embora norte-americana, Patricia Hill Collins (n. 1948) exerce grande influência na América Latina. Sua teoria da interseccionalidade negra combina gênero, raça e classe na análise das desigualdades sociais. O conceito de “matriz de dominação” permite compreender como múltiplas formas de opressão se entrelaçam e estruturam a vida social.
2. África e Diáspora Africana
Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí (Nigéria)
Socióloga nigeriana, Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí (n. 1947) é referência na crítica ao conceito ocidental de gênero. Em The Invention of Women, demonstra que a sociedade iorubá tradicional estruturava-se por gerações e não por distinções de gênero. Propôs o conceito de “descolonização do gênero”, destacando como categorias ocidentais podem distorcer a análise das sociedades africanas. Seu trabalho reformula a sociologia comparativa e pós-colonial, oferecendo uma perspectiva crítica sobre imposições culturais e epistemológicas externas.
Amina Mama (Nigéria/Reino Unido)
Amina Mama (n. 1958) é socióloga e feminista africana, radicada no Reino Unido. Estuda militarização, neocolonialismo e políticas de gênero em contextos africanos. Propôs o conceito de “segurança de gênero”, analisando como conflitos armados e estruturas de poder impactam especificamente mulheres e meninas. Sua produção acadêmica conecta teoria e prática política, evidenciando a necessidade de epistemologias africanas feministas no planejamento de políticas sociais.
Fatou Sow (Senegal)
Fatou Sow (n. 1951) é socióloga senegalesa especialista em família, gênero e desigualdades sociais na África francófona. Analisa como a tradição, religião e estruturas patriarcais influenciam a vida das mulheres. Sow desenvolve uma abordagem crítica da sociologia do gênero no contexto pós-colonial, destacando a resistência feminina e as estratégias comunitárias de empoderamento.
Pumla Gqola (África do Sul)
Pumla Gqola (n. 1972) é socióloga sul-africana especializada em violência de gênero e cultura patriarcal. Investiga a política do corpo feminino, sexualidade e as relações de poder nas sociedades pós-apartheid. Sua produção evidencia a interseção de gênero, raça e classe, destacando como a violência estrutural se reproduz em espaços sociais, culturais e institucionais.
Nkiru Nzegwu (Nigéria/Canadá)
Nkiru Nzegwu (n. 1954) é filósofa e socióloga nigeriana radicada no Canadá. Trabalha com epistemologias africanas e teoria de gênero, criticando as imposições conceituais ocidentais. Destaca a “filosofia africana do gênero” como ferramenta para compreender relações sociais e culturais de forma autônoma, valorizando saberes indígenas e afrodescendentes.
Oluwakemi Balogun (Nigéria/EUA)
Oluwakemi Balogun (n. 1960) é pesquisadora de gênero e globalização. Analisa como padrões culturais e econômicos transnacionais afetam as mulheres africanas. Sua produção aborda feminismo transnacional e os impactos da diáspora africana, propondo estratégias de empoderamento feminino que respeitem identidades culturais locais e experiências de deslocamento global.
Grace Bantebya Kyomuhendo (Uganda)
Grace Bantebya Kyomuhendo (n. 1958) é socióloga ugandense que trabalha com pobreza, gênero e desenvolvimento. Investiga políticas sociais, participação feminina e desigualdade econômica. Propôs metodologias participativas que valorizam o conhecimento das comunidades locais e a experiência prática das mulheres na superação da pobreza.
Ifi Amadiume (Nigéria)
Ifi Amadiume (n. 1942) é antropóloga e socióloga nigeriana. Pesquisou relações de gênero em sociedades africanas, enfocando o matricentrismo e a organização social pré-colonial. Sua obra desafia a perspectiva patriarcal ocidental, propondo leituras feministas baseadas em epistemologias africanas. Destaca-se também na análise da religião tradicional e da memória social feminina.
Chimamanda Adichie (Nigéria)
Embora mais conhecida como escritora, Chimamanda Adichie (n. 1977) contribui para debates sociológicos e feministas na África. Sua produção aborda gênero, identidade e desigualdade social, conectando narrativas literárias a análises culturais e políticas. Destaca o poder da linguagem na construção de consciência feminista e crítica social.
Fatima Hassan (África do Sul)
Fatima Hassan (n. 1962) é pesquisadora e ativista sul-africana que trabalha com direitos humanos e políticas de gênero. Suas análises sociológicas focam na interseção entre saúde, violência e desigualdade estrutural. Propõe frameworks de pesquisa que conectam a experiência local com políticas globais de justiça social.
3. Europa
Simone de Beauvoir (França)
Simone de Beauvoir (1908–1986) foi filósofa, escritora e socióloga, base do feminismo existencialista. Em O Segundo Sexo, analisou a opressão feminina como construção histórica e cultural, introduzindo conceitos de “Outro” e libertação das mulheres. Sua obra é central para a sociologia de gênero, influenciando estudos sobre identidade, liberdade e desigualdade social em contextos europeus e globais.
Dorothy Smith (Canadá)
Dorothy Smith (1926–2022) criou a sociologia feminista institucional, propondo a análise da experiência cotidiana das mulheres e a forma como instituições estruturam desigualdades. Introduziu o conceito de “ponto de vista da mulher”, destacando como saberes femininos podem oferecer epistemologias alternativas à ciência social tradicional.
Sylvia Walby (Reino Unido)
Sylvia Walby (n. 1953) é socióloga britânica especialista em patriarcado, globalização e desigualdade social. Seu conceito de “patriarcado estruturado” mostra como instituições políticas, econômicas e culturais reproduzem a opressão de gênero. Walby também analisa interações entre gênero, classe e raça na contemporaneidade.
Nancy Fraser (EUA/Alemanha)
Nancy Fraser (n. 1947) atua entre EUA e Alemanha. Teórica crítica, combina filosofia social e feminismo, analisando justiça, redistribuição e reconhecimento. Introduziu a ideia de “justiça participativa” e critica desigualdades econômicas e simbólicas, propondo uma abordagem multidimensional que integra teoria social, política e feminista.
Ann Oakley (Reino Unido)
Ann Oakley (n. 1944) é pioneira em estudos de gênero e metodologia feminista. Estudou divisão sexual do trabalho, maternidade e saúde. Introduziu práticas de pesquisa que valorizam experiências femininas, criticando abordagens tradicionais e propondo análise interdisciplinar da vida social e das relações de poder.
Judith Butler (EUA/Atuação global)
Judith Butler (n. 1956) é filósofa e teórica feminista, conhecida pelo conceito de gênero como performativo. Sua análise sociológica questiona identidades fixas e normativas, mostrando como gênero é construído socialmente. Butler impacta debates sobre sexualidade, teoria queer e políticas de reconhecimento, influenciando pesquisas europeias e globais.
Beverley Skeggs (Reino Unido)
Beverley Skeggs (n. 1961) pesquisa classe, gênero e moralidade. Analisa como mulheres de diferentes contextos sociais são avaliadas moralmente pela sociedade, destacando processos de estigmatização e exclusão. Propõe uma sociologia crítica que integra estrutura social, cultura e subjetividade.
Nira Yuval-Davis (Israel/Reino Unido)
Nira Yuval-Davis (n. 1947) é socióloga especializada em interseccionalidade, cidadania e estudos de gênero. Seu conceito de “política de pertencimento” analisa identidade, etnicidade e nacionalidade, enfatizando como exclusão social e desigualdade de gênero se entrelaçam. Atua como referência em debates sobre multiculturalismo e direitos humanos.
Imelda Whelehan (Reino Unido)
Imelda Whelehan (n. 1960) contribuiu para estudos culturais e feministas. Analisa representações midiáticas, sexualidade e construção da identidade feminina. Seu trabalho investiga como cultura popular e mídia reproduzem ou contestam desigualdades de gênero e padrões sociais, oferecendo ferramentas críticas para estudos sociológicos contemporâneos.
Sylvia Walby (Reino Unido) (relembrando para fechar o eixo)
Walby reforça a análise do patriarcado estrutural, destacando a interação entre gênero, economia e política. Seu enfoque é comparativo, analisando diferenças entre sociedades e os efeitos da globalização na manutenção ou transformação de desigualdades de gênero.
4. América do Norte
Patricia Hill Collins (EUA)
Patricia Hill Collins (n. 1948) é socióloga e teórica do feminismo negro. Desenvolveu a teoria da interseccionalidade e a epistemologia negra, analisando como raça, classe e gênero se interconectam para estruturar desigualdades sociais. Introduziu o conceito de “matriz de dominação”, mostrando como diferentes formas de opressão se sobrepõem. Sua produção acadêmica enfatiza a experiência das mulheres negras como fonte legítima de conhecimento e resistência.
bell hooks (EUA)
bell hooks (1952–2021) foi filósofa, escritora e feminista negra. Sua obra aborda cultura, amor, educação e feminismo, conectando teoria crítica e ativismo. Introduziu o conceito de “amor como prática política” e criticou a marginalização das mulheres negras no feminismo mainstream. hooks enfatiza a necessidade de interseccionalidade na análise de poder e desigualdade, promovendo uma sociologia crítica e inclusiva.
Angela Davis (EUA)
Angela Davis (n. 1944) é filósofa, socióloga e ativista política. Estuda racismo, capitalismo, gênero e o sistema prisional. Em obras como Mulher, Raça e Classe, analisa a opressão das mulheres negras na interseção entre exploração econômica e desigualdade social. Davis combina teoria e militância, propondo alternativas políticas e pedagógicas para emancipação social e justiça racial.
Dorothy E. Roberts (EUA)
Dorothy E. Roberts (n. 1959) é socióloga e jurista, especialista em biopolítica e racismo científico. Analisa como ciência, lei e medicina reproduzem desigualdades de gênero e raça. Em Fatal Invention, discute os riscos de políticas genéticas e raciais, propondo uma abordagem crítica sobre ciência e tecnologia para proteger direitos humanos e justiça social.
Kimberlé Crenshaw (EUA)
Kimberlé Crenshaw (n. 1959) formulou o conceito de interseccionalidade, destacando como raça, gênero, classe e outras categorias se interligam para produzir desigualdade social. Sua pesquisa sobre violência, direitos civis e políticas públicas evidencia lacunas na legislação que não consideram a multiplicidade de opressões. Crenshaw contribuiu decisivamente para teorias feministas, jurídicas e sociológicas contemporâneas.
Perguntas e respostas sociólogas do século XX e XXI
Parte 1 – América Latina
1. Heleieth Saffioti
Pergunta: Como a “tríplice opressão” articula gênero, classe e raça ajuda a compreender a exploração das mulheres na sociedade capitalista?
Resposta: Saffioti interpreta a opressão feminina a partir da articulação entre capitalismo e patriarcado, desenvolvendo o conceito de “dupla exploração da mulher trabalhadora”. Sua análise marxista-feminista demonstra como o sistema econômico depende do trabalho não remunerado e reprodutivo das mulheres, evidenciando que a exploração de gênero, raça e classe é estrutural e interdependente.
2. Marilena Chauí
Pergunta: De que maneira a análise da ideologia e do autoritarismo influencia a compreensão das desigualdades sociais no Brasil?
Resposta: Chauí analisa o papel da ideologia na manutenção das estruturas de poder, mostrando como o patriarcado é legitimado por discursos culturais e religiosos. Ela destaca a importância de compreender a cultura como espaço de disputa simbólica e política, revelando como o autoritarismo se reproduz socialmente.
3. Eva Blay
Pergunta: Como a criação do Núcleo de Estudos da Mulher contribuiu para a institucionalização dos estudos de gênero no Brasil?
Resposta: Eva Blay introduziu a sociologia de gênero no Brasil, fundando o Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero na USP. Sua obra mostra como o espaço urbano e o mercado de trabalho refletem desigualdades entre homens e mulheres, fortalecendo a consolidação dos estudos feministas nas universidades brasileiras.
4. Sueli Carneiro
Pergunta: De que forma a noção de “epistemicídio” evidencia a marginalização do conhecimento produzido por mulheres negras?
Resposta: Sueli Carneiro propõe o conceito de “branquitude como lugar de poder” e denuncia o “epistemicídio” — a exclusão dos saberes negros e femininos dos espaços acadêmicos. Ela defende a valorização do pensamento afrocentrado e feminista, como instrumento de resistência e reconstrução do conhecimento.
5. Lélia Gonzalez
Pergunta: Como o conceito de “amefricanidade” articula raça, gênero e cultura na América Latina?
Resposta: Lélia Gonzalez criou o conceito de “amefricanidade” para unir as experiências afro e latino-americanas, destacando a herança africana na formação cultural e social do continente. Para ela, gênero, raça e cultura são inseparáveis na compreensão das opressões e resistências da mulher negra latino-americana.
6. Gilda de Mello e Souza
Pergunta: De que maneira a moda pode ser entendida como uma linguagem social que expressa desigualdades e valores culturais?
Resposta: Gilda de Mello e Souza interpreta a moda como uma linguagem que expressa distinção social e identidade cultural. Em suas análises sobre o gosto e o estilo, demonstra como o comportamento e a aparência são marcadores de classe e de gênero na sociedade brasileira.
7. Rita Laura Segato
Pergunta: O que significa a “pedagogia da crueldade” e como ela ajuda a analisar a violência de gênero?
Resposta: Segato concebe o patriarcado como um sistema de poder colonial que organiza a violência de gênero. A “pedagogia da crueldade” descreve o processo social que naturaliza e banaliza a violência contra as mulheres, tornando-a parte da lógica política e econômica contemporânea.
8. Elizabeth Souza-Lobo
Pergunta: Como a divisão sexual do trabalho influencia a posição das mulheres no mercado de trabalho e na sociedade?
Resposta: Souza-Lobo estudou o trabalho feminino nas fábricas e evidenciou a divisão sexual do trabalho, que desvaloriza e segrega as mulheres. Sua abordagem marxista-feminista mostra como o capitalismo se sustenta na desigualdade de gênero e na invisibilidade do trabalho reprodutivo.
9. Teresa Caldeira
Pergunta: De que forma a noção de “cidadania periférica” contribui para compreender desigualdades urbanas e violência?
Resposta: Teresa Caldeira analisa a relação entre urbanização, cidadania e violência, mostrando como o medo e a segregação moldam a vida nas cidades. O conceito de “cidadania periférica” descreve as formas pelas quais os moradores das periferias produzem direitos e resistem à exclusão social.
10. María Lugones
Pergunta: Como o conceito de “colonialidade de gênero” relaciona opressões de raça e gênero no contexto latino-americano?
Resposta: María Lugones propõe o conceito de “colonialidade de gênero” para explicar como o colonialismo impôs uma estrutura binária e hierárquica às relações de gênero. Ela defende um feminismo decolonial que valoriza as epistemologias indígenas e afro-latinas.
11. Silvia Rivera Cusicanqui
Pergunta: Como a perspectiva do ch’ixi ajuda a compreender a coexistência de diferentes identidades culturais sem subordinação?
Resposta: Cusicanqui desenvolve a noção de ch’ixi para representar a convivência de elementos culturais distintos — indígenas e ocidentais — sem fusão nem hierarquia. Essa visão propõe uma forma de resistência à homogeneização colonial e valoriza a pluralidade identitária latino-americana.
12. Ana María Fernández
Pergunta: Como a análise psicossociológica contribui para entender as experiências das mulheres em contextos de opressão social?
Resposta: Fernández combina psicanálise e sociologia para compreender as dimensões subjetivas das desigualdades de gênero. Ela mostra como as mulheres internalizam o patriarcado e como o feminismo pode transformar as relações entre o pessoal e o político.
13. Margarita Pisano
Pergunta: De que forma a valorização da experiência feminina reforça o feminismo e a resistência cultural na América Latina?
Resposta: Pisano propõe um feminismo crítico e autônomo, centrado na experiência e na subjetividade das mulheres latino-americanas. Sua obra enfatiza a importância de reconstruir uma cultura de resistência e solidariedade feminina frente às imposições patriarcais e coloniais.
14. Elizabeth Jelin
Pergunta: Como a memória coletiva pode ser usada para compreender as experiências femininas de violência e resistência?
Resposta: Jelin analisa a memória social como espaço político e de disputa simbólica. Ao estudar ditaduras e movimentos feministas, demonstra como as narrativas das mulheres revelam tanto as violências sofridas quanto às estratégias de resistência e reconstrução identitária.
15. Patricia Hill Collins
Pergunta: Como a “matriz de dominação” permite analisar as múltiplas formas de opressão interseccional?
Resposta: Collins formula o conceito de “matriz de dominação” para mostrar como raça, classe, gênero e sexualidade interagem na produção das desigualdades. Sua teoria propõe uma epistemologia do ponto de vista das mulheres negras e articula o conhecimento como prática de libertação.
Parte 2 – África e Diáspora Africana
16. Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí (Nigéria)
Pergunta: Como a “descolonização do gênero” transforma a análise das sociedades africanas?
Resposta: Oyěwùmí argumenta que o gênero é uma construção colonial importada pelo Ocidente. Em The Invention of Women (1997), mostra que nas sociedades iorubás, as relações sociais se baseavam em idade e status, não em gênero. Sua proposta de “descolonização do gênero” busca recuperar epistemologias africanas autônomas, livres das categorias coloniais ocidentais.
17. Amina Mama (Nigéria/Reino Unido)
Pergunta: De que maneira o conceito de “segurança de gênero” aborda os impactos da militarização sobre as mulheres?
Resposta: Amina Mama analisa as conexões entre militarização, colonialismo e gênero. Seu conceito de “segurança de gênero” revela como guerras, autoritarismos e intervenções externas afetam desproporcionalmente as mulheres africanas. Ela propõe políticas feministas que priorizem a paz, a justiça social e a autonomia feminina.
18. Fatou Sow (Senegal)
Pergunta: Como a sociologia do gênero no contexto pós-colonial pode revelar formas de resistência feminina?
Resposta: Fatou Sow examina as dinâmicas familiares, religiosas e econômicas nas sociedades africanas contemporâneas. Mostra como as mulheres resistem às estruturas patriarcais por meio de práticas culturais e comunitárias. Sua abordagem pós-colonial enfatiza a pluralidade das identidades e a necessidade de políticas sensíveis à diversidade africana.
19. Pumla Gqola (África do Sul)
Pergunta: O que significa a “política do corpo feminino” na análise da violência e do patriarcado na África do Sul?
Resposta: Pumla Gqola interpreta o corpo feminino como campo de disputa simbólica e política. Em suas análises sobre a cultura do estupro, denuncia como o corpo da mulher negra é historicamente violentado e controlado. Defende uma “política do corpo” centrada na libertação, na autonomia e na reconfiguração das masculinidades.
20. Nkiru Nzegwu (Nigéria/Canadá)
Pergunta: Como a “filosofia africana do gênero” desafia categorias ocidentais de análise social?
Resposta: Nzegwu propõe uma filosofia africana baseada na reciprocidade e na complementaridade entre os sexos. Ela critica as categorias ocidentais de gênero, que impõem hierarquias ausentes nas culturas africanas. Sua obra valoriza epistemologias locais e defende uma ontologia relacional como base para a igualdade.
21. Oluwakemi Balogun (Nigéria/EUA)
Pergunta: De que forma o feminismo transnacional pode articular experiências culturais e sociais das mulheres africanas?
Resposta: Balogun estuda os concursos de beleza na Nigéria, revelando como esses espaços articulam poder, modernidade e identidade. Suas pesquisas mostram que o feminismo transnacional permite compreender como as mulheres africanas negociam normas globais de feminilidade sem perder suas referências culturais.
22. Grace Bantebya Kyomuhendo (Uganda)
Pergunta: Como metodologias participativas fortalecem o empoderamento feminino em contextos de pobreza?
Resposta: Kyomuhendo utiliza metodologias participativas em suas pesquisas sobre pobreza e desigualdade de gênero. Defende que o envolvimento direto das mulheres nos processos de pesquisa e decisão fortalece sua autonomia, ampliando o impacto das políticas públicas e promovendo justiça social.
23. Ifi Amadiume (Nigéria)
Pergunta: Como o estudo das estruturas matricentristas africanas contribui para uma perspectiva feminista não ocidental?
Resposta: Amadiume, em Male Daughters, Female Husbands (1987), demonstra que sociedades igbo tradicionais possuíam papéis sociais flexíveis e não binários. Sua análise das estruturas matricentristas revela que o patriarcado foi uma imposição colonial, e propõe um feminismo enraizado nas tradições africanas.
24. Chimamanda Ngozi Adichie (Nigéria)
Pergunta: De que maneira a literatura pode ser utilizada como ferramenta para análises sociológicas de gênero e identidade?
Resposta: Adichie utiliza a literatura como forma de análise social, abordando gênero, raça e colonialismo. Em obras como Americanah e We Should All Be Feminists, denuncia desigualdades e propõe uma visão interseccional do feminismo africano contemporâneo, que une arte, política e sociologia.
25. Fátima Hassan (África do Sul)
Pergunta: Como a interseção entre saúde, violência e desigualdade estrutural influencia políticas de gênero?
Resposta: Fatima Hassan investiga os impactos do HIV/AIDS e das políticas de saúde na vida das mulheres africanas. Sua perspectiva mostra como a desigualdade estrutural, o racismo e a pobreza agravam as vulnerabilidades de gênero. Defende uma abordagem interseccional na formulação de políticas públicas de saúde e direitos humanos.
Parte 3 – Europa
26. Simone de Beauvoir (França)
Pergunta: Como o conceito de “Outro” ajuda a compreender a construção social da opressão feminina?
Resposta: Beauvoir, em O Segundo Sexo (1949), argumenta que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. O conceito de “Outro” revela que a mulher é historicamente definida em relação ao homem, construindo-se socialmente como subordinada. Sua análise inaugura a sociologia de gênero, mostrando que a opressão feminina é resultado de processos sociais e históricos.
27. Dorothy Smith (Canadá)
Pergunta: De que maneira a perspectiva do “ponto de vista da mulher” oferece uma epistemologia alternativa à sociologia tradicional?
Resposta: Smith desenvolve a “sociologia a partir do ponto de vista da mulher”, criticando o viés masculino na produção do conhecimento sociológico. Ela propõe que a experiência cotidiana das mulheres seja central na análise social, criando uma epistemologia feminista que reconecta teoria, prática e política.
28. Sylvia Walby (Reino Unido)
Pergunta: Como o conceito de “patriarcado estruturado” explica a reprodução das desigualdades de gênero nas instituições?
Resposta: Walby define o patriarcado como um sistema estruturado que opera através de seis instituições: família, trabalho, Estado, violência, cultura e mídia. Seu conceito explica como desigualdades de gênero são reproduzidas sistematicamente, inclusive em contextos de modernidade e globalização.
29. Nancy Fraser (EUA/Alemanha)
Pergunta: De que forma a análise de redistribuição e reconhecimento contribui para entender injustiças sociais e econômicas?
Resposta: Fraser articula justiça social, redistribuição econômica e reconhecimento cultural. Ela argumenta que políticas feministas devem combinar medidas de equidade material com valorização das identidades e culturas marginalizadas, abordando simultaneamente exploração de classe e opressão simbólica.
30. Ann Oakley (Reino Unido)
Pergunta: Como a investigação da maternidade e da divisão sexual do trabalho amplia a compreensão das relações de gênero?
Resposta: Oakley, em The Sociology of Housework (1974), analisa o trabalho doméstico feminino e sua invisibilidade social. Sua investigação revela como a divisão sexual do trabalho perpetua desigualdades e mostra a necessidade de metodologias feministas para estudar relações de gênero na vida cotidiana.
Parte 4 – América do Norte
31. Patricia Hill Collins (EUA)
Pergunta: Como a “matriz de dominação” permite compreender a intersecção de raça, gênero e classe na experiência das mulheres negras?
Resposta: Collins desenvolveu o conceito de “matriz de dominação” em Black Feminist Thought (1990), mostrando como raça, gênero, classe e sexualidade se entrelaçam nas experiências das mulheres negras. Sua teoria propõe uma epistemologia do ponto de vista negro, valorizando o saber produzido pela vivência e resistência das mulheres afro-americanas.
32. bell hooks (EUA)
Pergunta: De que maneira o conceito de “amor como prática política” contribui para análises sociológicas sobre poder e desigualdade?
Resposta: bell hooks une feminismo, antirracismo e pedagogia crítica, defendendo o amor como prática política e libertadora. Em obras como Ain’t I a Woman? e All About Love, questiona a dominação patriarcal e propõe uma ética do cuidado e da comunidade como estratégia de transformação social.
33. Angela Davis (EUA)
Pergunta: Como a interseção de racismo, capitalismo e gênero influencia a opressão estrutural das mulheres negras?
Resposta: Davis, em Mulheres, Raça e Classe (1981), analisa como racismo, capitalismo e patriarcado se combinam para produzir a opressão estrutural das mulheres negras. Ela defende a abolição das prisões, políticas públicas inclusivas e a luta coletiva por justiça social.
34. Dorothy E. Roberts (EUA)
Pergunta: De que forma a sociologia da biopolítica ajuda a compreender o impacto do racismo científico sobre mulheres e comunidades marginalizadas?
Resposta: Roberts trabalha com biopolítica e reprodução, mostrando como políticas públicas e práticas médicas controlam corpos de mulheres negras. Em Killing the Black Body, denuncia o racismo científico, desigualdades reprodutivas e propõe uma abordagem ética e interseccional em políticas de saúde.
35. Kimberlé Crenshaw (EUA)
Pergunta: Como a interseccionalidade permite analisar lacunas em políticas públicas e legislações que não consideram múltiplas formas de opressão?
Resposta: Crenshaw é a criadora do conceito de interseccionalidade, que demonstra como gênero, raça e classe se combinam na exclusão social. Sua teoria evidencia falhas nas leis e políticas públicas que ignoram múltiplas formas de discriminação, propondo uma abordagem inclusiva e interseccional.
36. Dorothy Smith (Canadá)
Pergunta: Como a sociologia feminista institucional contribui para compreender estruturas sociais a partir da experiência das mulheres?
Resposta: Smith introduz a sociologia feminista institucional, defendendo que o conhecimento social deve partir da experiência das mulheres. Sua perspectiva permite entender como estruturas burocráticas e institucionais moldam a vida cotidiana, conectando teoria, prática e política.
37. Nancy Chodorow (EUA)
Pergunta: Como a psicanálise aplicada à sociologia ajuda a analisar a formação da identidade de gênero?
Resposta: Chodorow aplica a psicanálise para entender a socialização de gênero e a maternidade. Em suas obras, demonstra que a divisão sexual do cuidado contribui para a reprodução do patriarcado, evidenciando padrões psicológicos e sociais que estruturam relações de poder.
38. Arlie Hochschild (EUA)
Pergunta: Qual a relevância do conceito de “trabalho emocional” na análise das desigualdades de gênero?
Resposta: Hochschild introduz o conceito de “trabalho emocional”, que descreve como mulheres gerenciam sentimentos para sustentar relações familiares e profissionais. Em The Second Shift, analisa a sobrecarga feminina causada pela dupla jornada de trabalho doméstico e remunerado.
39. Joan Acker (EUA)
Pergunta: Como as “organizações generificadas” contribuem para compreender desigualdades de gênero no trabalho?
Resposta: Acker propõe o conceito de “organizações generificadas”, mostrando que instituições de trabalho são estruturadas a partir de normas masculinas. Sua análise revela que desigualdades de gênero estão embutidas nas regras, processos e culturas organizacionais.
40. Judith Stacey (EUA)
Pergunta: Como a sociologia pós-feminista amplia a compreensão sobre diversidade familiar e identidades de gênero?
Resposta: Stacey pesquisa família, gênero e sexualidade, criticando modelos normativos de parentesco e papéis de gênero. Sua sociologia pós-feminista reconhece a diversidade das famílias contemporâneas e promove uma visão inclusiva e plural das relações sociais.
Conclusão
As quarenta sociólogas apresentadas neste estudo demonstram a diversidade e a profundidade do pensamento crítico feminino nos séculos XX e XXI. Seus trabalhos abrangem múltiplos continentes, tradições teóricas e experiências sociais, oferecendo perspectivas únicas sobre gênero, raça, classe e colonialidade.
Na América Latina, autoras como Heleieth Saffioti e Lélia Gonzalez mostraram como a análise de gênero se articula à luta contra a opressão econômica e racial. Na África e na diáspora africana, Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí e Amina Mama apresentaram epistemologias descoloniais e feministas que desafiam categorias ocidentais. Na Europa, Beauvoir, Oakley, Butler e Walby propuseram conceitos fundamentais sobre patriarcado, performatividade e interseccionalidade. Nos Estados Unidos, Patricia Hill Collins, bell hooks, Angela Davis, Dorothy Roberts e Kimberlé Crenshaw avançaram teorias da interseccionalidade, epistemologia negra e crítica social.
A análise conjunta dessas autoras evidencia que a sociologia contemporânea se enriquece com perspectivas que valorizam experiências marginalizadas, promovem justiça social e estimulam reflexões críticas sobre estruturas de poder. O reconhecimento dessas contribuições é essencial para construir um conhecimento social mais inclusivo, plural e transformador.
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