sexta-feira, 19 de julho de 2019

A Democracia líquida: um ensaio crítico a realidade em mutação!





Osni Valfredo Wagner[1]

Resumo
Este ensaio: A Democracia líquida: um ensaio crítico a realidade em mutação! Objetivo analisar a ideologia liberal de Ludwig Von Mises a partir do pensamento líquido de Zygmunt Bauman. O pensamento liberal em sua origem garantia direitos aos trabalhadores como forma de expansão do capital, chegamos a um patamar em que a automação, robótica e informática dispensam o humano e o liberal líquido toma lugar na sociedade?

Palavras chaves: AMOR LÍQUIDO; CRÍTICA; LIBERAL; SOCIEDADE LÍQUIDA.


1 Introdução

            Este ensaio: A Democracia líquida: um ensaio crítico a realidade em mutação!  é um desafio que fiz a mim mesmo em fazer crítica à ideologia liberal. E a partir do Filosofo Karnal em palestra no Café Filosófico em que fala sobre Bauman e as diversas críticas a pós-modernidade ou sociedade líquida.
            A interpretação que se é possível fazer a partir da realidade em mudança de um desenvolvimento social para um crescimento do capital. A crença na mentira de que o crescimento é para todos e o desenvolvimento social como sendo o comunismo.
            No final da primeira quinzena de outubro fiquei sabendo que um filho de um pai que é um coiso. O pensamento econômico liberal do austríaco Ludwig Von Mises. Possibilitou uma mentalidade antissocial que tende a piorar a vida humana no Brasil.
Esse coiso que passou a defender nomeá-lo seu filho embaixador nos EUA, essa família tem uma tara pelos Estados Unidos, parece que querem estar colônia desse país imperialista que impõe o Dólar, faz embargos econômicos aos não alinhados aos interesses de mercado.
            A partir do vídeo da palestra de Karnal pensei a formular as ideias desse ensaio, não é um ensaio que se finaliza em si mesmo. Mas é um ponto de partida de analise e interpretação da realidade sociológica que vivemos no Brasil a partir de 2019.
            Outras ideais surgirão a partir deste estudo inicial sobre a realidade em que vivemos riscos que as decisões no poder estão fazendo rasgando a constituição de 1988, que foi uma reforma. Reforma se entendem as políticas sociais de acesso a educação com escolas da rede publica. A saúde que é proporcionada pelo sistema único de saúde – SUS.
            A chamada reforma da previdência é uma contra reforma, essas contra reformas tiram direitos sociais de educação, saúde, assistência social, políticas afirmativas antirracistas, ante homofóbicas e ante machistas.
            A des humanização é um projeto liberal? O ódio propagado pelas redes sociais é uma mentalidade construída pelos liberais?
            Gostaria de crer que não são liberais que estão por traz de todo o ódio na sociedade brasileira. Tem indícios que não são pensamentos liberais as atrocidades que compõem a linha do projeto de política ante Estatal.
            Se forem ante Estatal não necessariamente são defensores do mercado, mas vem no mercado capitalista uma forma de ganhar dinheiro vendendo o que é empresa Estatal. Então não estamos vivendo em um processo de privatização ou desestatização.
            Todas essas chamadas privatizações e ou desestatização.  É um balcão de negócios, o objetivo é se beneficiar de forma ilícita o ganho financeiro. Ou seja, estamos vendo o desmonte do Estado brasileiro por pessoas corruptas que venderão a um preço baixo e ganharão por fora um valor em dinheiro.
            Feitas essas considerações iniciais vamos para a analise desses conceitos tão caros para o século vinte e um que podem ser chamados neoliberalismo. O neoliberalismo do consenso de Washington.
            As experiências na Europa mostram que essas políticas não dão certo nas áreas de educação, saúde, assistência social. O mercado tem interesses econômicos de lucro, isso significa que custa mais caro, o preço desse lucro é o problema para o pobre e a solução para o rico.
O ataque ao socialismo até que é compreensível, mas o que estamos vendo é o desejo de acabar com políticas chamadas de keynesianismo. O que estamos observando é o fim de políticas de bem estar social, mas esse fim está acontecendo a partir de um projeto neoliberal de interesses de mercado que querem abocanhar essa fatia do mercado a exploração à educação, a saúde e assistência social.
A perda da solidariedade, do respeito, e a cooperação; a perda de valores, princípios e fundamentos constitucionais. A liberdade, a igualdade e a fraternidade, a incapacidade de se colocar no lugar do outro a perda da empatia.
A falta da empatia é a incapacidade de se colocar no lugar do outro, estar contra o bolsa família que significa comida na mesa de milhões de brasileiros. Não estar a favor do bolsa família por não estar no interesse e possibilidade de receber.
Mas defender o seguro desemprego porque a mesma pessoa quer receber esse seguro e tem essa possibilidade. Mas consciência da dignidade como sendo uma questão de se colocar no luar do outro.


2 Líquido

            O trabalho gera riqueza, tanto Karl Marx e John Locke, partem dessa ideia que é o trabalho que gera riqueza. Enquanto Marx observa que o proletário tem que vender a sua mão de obra para prover a família. Locke por sua vez observa que o mercado regula a relação de trabalho que garante o preço do salário.
            Esses pensamentos iluministas dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX perdem sua referência de modelos aceitos em suas maneiras generalistas de analise sobre a realidade.
            Vamos analisar em especial a sociedade brasileira, lógico que aqui não temos uma interpretação precisa da realidade. Vamos partir de uma analise generalista até a uma analise propriamente a realidade, deduzo que temos fragmentos da realidade em que vamos constituindo o todo da realidade.
            O CASO BRASILEIRO COMO VISTO POR NOSSA SOCIOLOGIA DA INAUTENTICIDADE – Sérgio Buarque e as nossas raízes ibéricas, - Raimundo Faoro e o conceito de patrimonialismo, - Ibéricas, - Raimundo Faoro e o conceito de patrimonialismo, - Roberto Damatta e a vertente culturalista da nossa sociologia da inautenticidade. E Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre
            O ‘homem cordial’ de Buarque, patrimonialismo de Faoro, Culturalista Inautêntica de Damatta. E peculiaridades do patriarcalismo tropical Freyre. Compreender os antagonismos da sociedade brasileira que se caracteriza pela inautenticidade.
            Esses elementos do ‘homem cordial’ que tem uma relação estreita com o senhor dono do capital. Introduz a aceitação as políticas do senhor coronel que dita os seus interesses como verdadeiros e únicos a serem defendidos pelos trabalhadores no chão de fábrica, na igreja, na escola, etc.
            A cultura inautêntica, ou seja, sabemos que é algo antagônico, mas aceitamos para sobreviver na sociedade que é assim mesmo. Ideologias de que não tem como mudar essa realidade da mentira.
            Aceitamos cordialmente a mentira para não contraria o dono do capital que afinal paga o meu salário e se não for assim fico sem renda? A poiar os que controlam o Estado como extensão do privado em um se apropriar do que é público é aceitar a corrupção como única forma de sobreviver nesta selva tropical.
            E aceitar a dualidade da sociedade, as diferenças sociais naturalizadas, normalizadas, veladas em meias verdades aceitas pela elite e propagadas pela mídia como imutáveis.
“Se as autoridades, nós não atrapalharmos o nosso povo, essas franjas de miséria por si só acabam no Brasil porque o nosso solo no Brasil é muito rico para tudo o que você pode imaginar — disse o presidente” (GLOBO, 2019).
            Além da mentira de que a miséria se resolverá por si só, espontaneamente. O pior é dizer que não existe miséria no Brasil. essa crença de que não existe miséria e nem a crença que a fome se resolverá naturalmente, essa lógica de naturalização da fome e da miséria.
            O projeto do governo é de construção da desigualdade social que aumenta a miséria e a fome. De duas uma, é uma ignorância e terão que ver na prática pessoas passando fome no Brasil.
            Pode ser hipocrisia, neste sentido podemos observar que as pessoas são muito cruéis. A maldade que se tem nesta crueldade que é expresso no ódio ao miserável que se culpa individualmente do problema que se está afetando as pessoas.
            O aumento do desemprego que está na casa do 28 milhões de pessoas no Brasil, o número de pessoas que passam fome é de 5,2 milhões em 2017. No planeta são 821 milhões de famintos em 2017.

Erradicação da fome: O relatório ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018′, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mostrou que a fome aumentou no mundo. No ano passado, 821 milhões de pessoas passavam fome em todo o planeta. Este é o terceiro ano consecutivo com aumento deste número, segundo a FAO. O relatório cita como as principais causas do avanço da subnutrição os conflitos armados, crises econômicas e fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes. No Brasil, 2,5% da população passou fome em 2017. Isso corresponde a 5,2 milhões de pessoas. O Brasil só saiu do mapa da fome em 2014, quando o índice de pessoas ingerindo menos calorias que o recomendado caiu para 3% da população. E, segundo o relatório ‘Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável’, realizado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil, o Brasil corre o risco de ser reinserido no mapa da ONU. (MARIA, 2019).

            No Brasil são mais de 5,2 milhões de pessoas que passam fome, são invisíveis e ignorados. O não reconhecimento do problema da fome e a miséria no país é uma tendência que tende a piorar a miséria e a fome no Brasil.
            A sociedade pós moderna a crítica de Bauman também chamada de sociedade líquida pelo autor para não estar sendo confundido com os que defendem a pós modernidade, Bauman faz a crítica a sociedade líquida. Aqui estou utilizando do livro de Zygmunt Bauman Amor líquido. Estar a serviço ou expropriar o bem e o mal. O que é o bem? E o que é o mal?

E assim o amor significa um estímulo a proteger, alimentar, abrigar; e também à carícia, ao afago e ao mimo, ou a — ciumentamente — guardar, cercar, encarcerar. Amar significa estar a serviço, colocar-se à disposição, aguardar a ordem. Mas também pode significar expropriar e assumir a responsabilidade. Domínio mediante renúncia, sacrifício resultando em exaltação. O amor é irmão xifópago da sede de poder —nenhum dos dois sobreviveria à separação. (...) Franz Kafka observou que somos duplamente distintos de Deus. Tendo comido da árvore do bem e do mal, nós nos distinguimos Dele, enquanto o fato de não termos comido da árvore da vida O distingue de nós. Ele (a eternidade, na qual se abraçam todos os seres e seus feitos, em que tudo que pode ser é, e tudo que pode acontecer acontece) está próximo de nós. Fadado a permanecer secreto — eternamente além de nossa compreensão. Mas sabemos disso, o que não nos permite ter sossego. Desde a fracassada tentativa de erigir a Torre de Babel, não podemos deixar de tentar e errar e fracassar e tentar novamente. (BAUMAN, 2004, p. 20 a 28).

             A nossa distinção de Deus é clara, nos humanos somos fardados a errar e fracassar e tentar novamente. Na realidade a mentalidade liberal diluem a capacidade de se fazer o bem e acertar a vida das pessoas e em especial as pessoas pobres.
            Mas o ruim e o pior que é o de escolher o pior como projeto e projeto para poucos e a elite da sociedade. O liberal tem compromisso com os seus interesses de lucro, satisfazer o capital como o lucro e só isso que é o interesse do mercado e fazem de tudo para conseguirem o que querem os meios não justificam os fins.
            A falta de escrúpulos faz parte da estrutura da sociedade do capital e toda essa mentalidade de que os empreendedores são os grandes necessários para a garantia da riqueza e o esforço dos que trabalham não tem importância nenhuma.

O assalariado médio, o operário comum, acredita que para manter funcionando a atual estrutura de produção, para aprimorar e aumentar a produção, não é necessário mais do que a comparativamente simples rotina de trabalho atribuída a ele. Ele não percebe que o mero trabalho exaustivo e rotineiro não é o suficiente. Sua diligência e habilidade seriam qualidades totalmente vãs caso não houvesse um empreendedor presciente para direcioná-las para o seu mais importante objetivo e caso não houvesse capital acumulado pelos capitalistas para auxiliar nesta tarefa. A pior ameaça para a prosperidade, para a civilização e para o bem-estar material dos assalariados é justamente a incapacidade de líderes sindicais, de sindicalistas em geral e das camadas menos inteligentes dos próprios trabalhadores de entender e apreciar o papel dos empreendedores e capitalistas na produção. (MISES, 2017).
           
            Na realidade a mentalidade de que os empreendedores por si só não produzem as riquezas que administram muitas vezes a distância e ou indiretamente, desconhecendo a realidade do trabalho.

Em um cenário de livre concorrência, a riqueza de empreendedores bem-sucedidos significa que os consumidores estão mais bem servidos do que estariam na ausência dos esforços empreendedoriais destas pessoas. O padrão de vida do cidadão comum é maior justamente naqueles países que possuem o maior número de empreendedores ricos. Países que possuem poucos empreendedores ricos possuem um maior número de miseráveis. É do total interesse material de todas as pessoas que o controle dos meios de produção esteja concentrado nas mãos daqueles indivíduos que sabem como utilizá-los da maneira mais eficiente possível. Se a atual política de perseguir e confiscar a riqueza dos milionários houvesse sido implementada no início do século XX, tanto o crescimento das indústrias quanto a produção de bens de consumo de todos os tipos não teria ocorrido. Automóveis, aviões, geladeiras, telefones, rádios, televisores, aparelhos elétricos e eletrônicos, eletrodomésticos e centenas de outras inovações menos espetaculares mas ainda mais úteis não teriam se tornado corriqueiros no mundo atual. (MISES, 2017).

            Se existem empreendedores bem-sucedidos é porque os que estão no chão de fábrica fazem seus esforços em uma eficiência que lhes são méritos de suas capacidades. Os que realmente trabalham ficam invisíveis e não é reconhecido, o modelo de sociedade do capital dá mérito aos que são empreendedores e não dá mérito aos que produzem de fato.
 Os que trabalham e produzem produtos e conhecimentos sobre as transformações tecnológicas não se beneficiam em detrimento na realidade os que se beneficiam do capital são parasitas hospedeiros que conseguem ter propriedades a partir da exploração do trabalho.

Escrevendo na época do capitalismo ascendente e da conquista territorial, Rosa Luxemburgo não previa nem podia prever que os territórios pré-modernos de continentes exóticos não eram os únicos "hospedeiros" potenciais, dos quais o capitalismo poderia se nutrir para prolongar a própria existência e gerar uma série de períodos de prosperidade. (...) A cultura de hoje é feita de ofertas, não de normas. Como observou Pierre Bourdieu, a cultura vive de sedução, não de regulamentação; de relações públicas, não de controle policial; da criação de novas necessidades/ desejos/ exigências, não de coerção. (BAUMAN, 2010, p. 9 a 33).

            A criação da necessidade/desejos/exigências que são construídas para as pessoas consumam em nossa sociedade é uma sociedade de consumidores. A propaganda e a indústria cultural faz esse papel de estabelecer a comunicação diária e fazendo a cabeça do que consumir.

Como administrar a explosão de informações que levam grupos a bolhas excludentes? Como repensar a memória da barbárie declarada e objetiva das guerras em meio à sutileza de outra destruição, a do homem individual e livre? A vontade de segurança é redefinida pelo caráter passageiro e contraditório do nosso individualismo, que se exibe a todo instante em redes, tornando o verbo ser, curiosamente, transitivo. (KARNAL, 2017).

            Fazer crítica à sociedade líquida é fazer crítica ao neoliberalismo, entregamos a liberdade de lutar por melhorias salariais, emprego, renda. A sociedade passou a defender a segurança. Mas na realidade o que o governo Bolsonaro faz é tira os direitos da aposentadoria, como solução para resolver os problemas da economia.

A individualização gestada na modernidade sólida e escancarada na modernidade líquida fez com que houvesse, ao contrário do que se esperava, não uma colonização do espaço privado pelo espaço público, mas a transformação do espaço público em uma arena de discussão das questões privadas, deixando-se de tratar efetivamente da busca pelos valores (ainda que contestáveis), relacionados ao bem comum, à sociedade justa, dentre outros. Essa questão tem implicações diretas na concepção de democracia que se possa ter na modernidade líquida, tendo em vista que um dos fundamentos da democracia, segundo Touraine, é justamente a participação dos cidadãos para a construção coletiva da sociedade, que acaba, cada vez mais, sendo substituída pela busca pela autossatisfação do sujeito. (MASSIMINO, 2017, p. 390).

            É a legalização da sonegação de impostos previdenciários que vinham sendo sonegados pelos empresários e causando a quebra da previdência. O governo oficializa a sonegação dos impostos criando uma chamada reforma da previdência que legaliza o não pagamento e repassando aos trabalhadores o custo de suas aposentadorias.
            Neste mesmo caminho da cegueira e ou o fim da utopia como diz Karnal, instituímos o individualismo e a competição. A guerra permanente e destruição do social, as regras do leviatã nos espaços da empresa, escola etc.
            Do que evapora na sociedade em nome da mudança contra a possibilidade da existência da corrupção. Mas são todas as políticas sociais que geram corrupção e não a impunidade e negligência aos amigos corruptos e corruptores?


2.1 Democracia

            A democracia é governo em que o povo exerce a soberania. Ou um sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas. Em sentido mais amplo também podemos encontrar o que significa Democracia:

O que é Democracia: Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. A palavra democracia tem origem no grego demokratía que é composta por demos (que significa povo) e kratos (que significa poder). Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. É um regime de governo em que todas as importantes decisões políticas estão com o povo, que elegem seus representantes por meio do voto. É um regime de governo que pode existir no sistema presidencialista, onde o presidente é o maior representante do povo, (...) (SIGNIFICADOS, 2019).

            Demokratía é composta de demos que significa povo e também é composto de kratos que significa poder. A ideia de povo e poder ou do poder do povo, poder que é exercido em eleições chamadas também de sufrágio universal.
            A defesa da democracia em seu estremo perpassa na possibilidade das pessoas defenderem coisas contraditórias como o fim da democracia. Por mais que seja uma irracionalidade guiada pela emoção de retóricas simplistas e soluções fáceis.
            A realidade é mais complexa e necessita de maior empenho e compreensão da realidade, para Manuel Castells existem muitas informações temos que ter a capacidade de processa-la e entender.

As pesquisas mostram cientificamente que a matriz do comportamento é emocional e, depois, utilizamos nossa capacidade racional para racionalizar o que queremos. As pessoas não leem os jornais ou veem o noticiário para se informar, mas para se confirmar. Leem ou assistem o que sabem que vão concordar. Não vão ler algo de outra orientação cultural, ideológica ou política. A segunda razão para esse comportamento é que vivemos em uma sociedade de informação desinformada. Temos mais informação do que nunca, mas a capacidade de processá-la e entendê-la depende da educação e ela, em geral, mas particulamente no Brasil, está em muito mau estado. E vai ficar pior, porque o próprio presidente acha que a educação não serve e vai cortar os investimentos na área. Por um lado, temos mundos de redes de informação, de meios que invadem o conjunto de nosso pensamento coletivo, e ao mesmo tempo pouca capacidade de educação das pessoas para entender, processar, decidir e deliberar. Isso é o que chamo de uma era da informação desinformada. (FERREIRA, 2019).

            Toda essa desinformação que é vinculada na realidade está dificultada para se buscar soluções complexas para os problemas complexos da diversidade cultural brasileira.
            A resposta de Manuel Castells, sobre a importância de Paulo Freire.

Isso significa que tudo que é criação de uma cidadania informada, educada e autônoma, é um perigo para uma ditadura sutil, que precisa de pessoas que não sejam bem educadas, que sejam desinformadas e manipuláveis. Os três princípios de Paulo Freire são: aprender pela experiência— hoje em dia encontramos tudo na internet, há possibilidade de fazer grupos de aprendizagem na internet—, autonomia dos alunos para educar-se para buscar a informação, e professores para guiá-los. Agora que temos tecnologia, não só internet, mas as conexões rápidas, é possível revolucionar facilmente a escola seguindo os princípios de Paulo Freire. Por que se ataca Paulo Freire? Porque no mundo, e não só no Brasil, ele é um símbolo. Eu conheci Paulo Freire na Universidade Stanford e lá ele era adorado, porque seus princípios são adaptados ao que é a nova sociedade: criar pessoas livres e autônomas, capazes de promover sua própria aprendizagem, guiados por seus professores. Isso é muito perigoso para aqueles que querem manipular. Paulo Freire é liberdade, e a liberdade é agora o maior obstáculo que existe para que se siga desenvolvendo essa ditadura sutil que estão tentando impor ao Brasil. (FERREIRA, 2019).

            Os princípios de Paulo Freire de aprender pela experiência, autonomia para educar-se de maneira livre. A liberdade é um dos fundamentos da Democracia, tirar a liberdade é impedir que se avançasse a igualdade e a fraternidade.
            O ataque à pedagogia do oprimido, é um ataque ao direito a liberdade das pessoas. Impedir que as pessoas tivessem o direito à autonomia de escolhas dos conhecimentos a partir de uma imposição de um tipo de escola militar.
            É para acabar com o Estado, assim estará acabando com o getulismo, petismo e acabando com o pobre. A saúde deixar de ser gratuita vai piorar a vida do pobre, acabar com o pobre é deixa-lo mais pobre.


3 Considerações

            Devemos ter medo do próprio medo, para sobreviver na sociedade líquida que cria a ditadura em nome da mascara da segurança. A 'nova política' é à volta ao patrimonialismo, clientelismo, dá velha política do coronelismo. Mudamos do novo ao velho arcaico.
            Os interesses do capital vão fazer a retórica que eles são do bem e o mal está naqueles que defendem a distribuição de renda a toda a população para acabar com a miséria, fome e garantir melhorias na vida dos pobres lhes dando condições de acesso a educação, saúde, habitação, transporte coletivo etc.
            Acreditar que o bem está do lado da elite rica que é menos de 1% da população brasileira, e crer que os 99 % é que são do mal. O que é o bem? E o que é o mal? Temos um problema ideológico: a ideologia dominante da sociedade do capital defende os seus interesses e o que está fora do interesse do capital é o mal e o que está do lado do interesse do mercado é o bem?
            O humanismo por mais que os arcaicos ultraconservadores no Brasil façam a retórica obscura contra os Direitos Humanos. Iniciaram a retórica ideológica de que os prisioneiros não devem ter direito humanos, depois veio a contra reforma trabalhista que rasgou a reforma feita na constituição de 1988, que garantia direitos trabalhistas.
            Constatações da realidade, as chamadas ‘reformas trabalhistas’ não resolveram os problemas da crise estrutural da sociedade do capital. Estamos observando a euforia de parlamentares e empresários que ao julgarem que a chamada ‘reforma da previdência que deve economizar quase 1 trilhão em 10 anos.
            Estas medidas imediatas não são estruturais na sociedade do capital, o fato de donos do capital, empresários, especuladores. Que de forma imediata deixam de pagar direitos trabalhistas e seguridade social, desta forma a concentrando da renda na mão de poucos da elite dona do capital.

Para Jessé, essa estratégia de tirar da classe média a capacidade de reflexão vem desde os anos 1930 nas universidades, com intelectuais e assimilada erroneamente pela própria esquerda, afirma. As revelações podem ser positivas para o país, mas talvez não a curto prazo. “Isso pode ser revolucionário. Não significa que o Bolsonaro vá cair nos próximos dias, A dimensão moral tem um tempo distinto das outras dimensões mas é extremamente forte e ninguém pode conter. É uma oportunidade histórica de a classe média se auto examinar, sobretudo essa classe que usa tudo isso para preservar suas vantagens econômicas de um modo muito burro”, afirma. O passado escravocrata do Brasil gerou distorções que impedem a sociedade avançar com base na solidariedade, como visto em nações desenvolvidas. “Nenhum país inteligente no mundo exclui milhões de pessoas – no caso do Brasil 70 milhões de pessoas – sem dar a elas nenhuma oportunidade. O que os governos do PT fizeram foram o mínimo de uma oportunidade civilizacional”, afirma. “É a oportunidade não só da classe média mas de toda a sociedade brasileira aceitar esse fardo e se autocriticar porque essa farsa está sendo desmontada”, conclui.

            A defesa da democracia perpassa pela autocritica com o desmonte da farsa que está sendo desmontada. Oportunidade para a sociedade de se autocriticar com as revelações do site The Intercept Brasil, que juntamente com outros veículos de comunicação, tornou pública troca de mensagens atribuídas aos procuradores responsáveis pela operação Lava Jato em Curitiba com o então juiz Sérgio Moro, atualmente ministro da Justiça e Segurança Pública.           
O pensamento liberal em sua origem garantia direitos aos trabalhadores como forma de expansão do capital, chegamos a um patamar em que a automação, robótica e informática dispensam o humano e o liberal líquido toma lugar na sociedade?



4 Bibliografias

BAUMAN, Zygmunt, AMOR LÍQUIDO Sobre a fragilidade dos laços humanos T r a d u ç ã o : Carlos Alberto Medeiros, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. < file:///C:/Users/usuario/Downloads/Amor%20Liquido%20-%20Zygmunt%20Bauman.pdf > Acessado em 2019.
_____________, Capitalismo parasitário: e outros temas contemporâneos, Zygmunt Bauman e Tim May; tradução Eliana Aguiar. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010. < http://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2017/05/BAUMAN-Zygmunt.-Capitalismo-parasit%C3%A1rio.pdf > Acessado em 2019.
____________, A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas / Zygmund Bauman; tradução José Gradei. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. < http://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2017/05/BAUMAN-Zygmunt.-A-sociedade-individualizada.pdf > Acessado em 2019.
FERREIRA, Paulo, ‘Vocês estão vivendo um novo tipo de ditadura’, diz sociólogo Manuel Castells, Referência no estudo das redes, espanhol diz que disseminação de informações falsas conduz país ao totalitarismo e educação é única via para reverter o quadro Paula Ferreira 17/07/2019 - 04:30 / Atualizado em 17/07/2019 - 11:43. < https://oglobo.globo.com/sociedade/voces-estao-vivendo-um-novo-tipo-de-ditadura-diz-sociologo-manuel-castells-23812733?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar&fbclid=IwAR0kZVx9bBLIpi-Y3rztlxf_k2aYJEg8VQZqpIdVDfXAfm8ie1HiM9nITwY > Acessado em 2019.
O GLOBO, 'Passar fome no Brasil é uma grande mentira', diz Bolsonaro Em café da manhã com jornalistas, presidente diz que não vê pessoas nas ruas 'com físico esquelético' e critica 'discurso populista' O Globo 19/07/2019 - 10:18 / Atualizado em 19/07/2019 - 10:48 < https://oglobo.globo.com/brasil/passar-fome-no-brasil-uma-grande-mentira-diz-bolsonaro-23818496?utm_source=notificacao-geral&utm_medium=notificacao-browser&utm_campaign=O%20Globo > Acessado em 2019.
MARIA, Ana, Invisíveis e ignorados: 5,2 milhões de pessoas passam fome no Brasil, Por Maria Fernanda Garcia, publicado originalmente no Observatório do Terceiro Setor Agencia Envolverde jornalismo, Carta Capital, 19/02/2019. < https://envolverde.cartacapital.com.br/invisiveis-e-ignorados-52-milhoes-de-pessoas-passam-fome-no-brasil/ > Acessado em 2019.

MASSIMINO, Daniel de Mello, Revista Jurídica Cesumar - Mestrado, v. 17, n. 2, p. 375-400, maio/agosto 2017 - ISSN 1677-6402 < file:///C:/Users/usuario/Downloads/REFLEXOES_SOBRE_DEMOCRACIA_LIQUIDA_E_SUA_FUNDAMENT.pdf > Acessado em 2019. Revista Jurídica Cesumar maio/agosto 2017, v. 17, n. 2, p. 375-400 DOI: < http://dx.doi.org/10.17765/2176-9184.2017v17n2p375-400 > REFLEXÕES SOBRE DEMOCRACIA LÍQUIDA E SUA FUNDAMENTAÇÃO NO PLANO DAS TEORIAS DEMOCRÁTICAS
MISES, Ludwig von, Em uma economia de livre mercado, nenhum lucro é “excessivo” - por definição, O mundo prosperou quando as pessoas passaram a ter o direito de controlar sua própria riqueza segunda-feira, 6 fev 2017. < https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2624 > Acessado em 2019.
KARNAL, Leandro, Bauman: diálogo da segurança e do efêmero | Leandro Karnal, Café Filosófico CPFL Publicado a 09/09/2018. < https://www.youtube.com/watch?v=LoxeltkRspY&feature=share > Acessado em 2019.
RAMALHO, Elcio, “O combate à corrupção no Brasil é uma mentira”, diz sociólogo Jessé Souza. Por Elcio Ramalho, Publicado por Diario do Centro do Mundo -  10 de julho de 2019. < https://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-combate-a-corrupcao-no-brasil-e-uma-mentira-diz-sociologo-jesse-souza-por-elcio-ramalho/?fbclid=IwAR2DeEonrLoX_KzrQaAefKUlF-jE3BhBXQwH1LyPp2yg43k7oPgvJ8799lY > Acessado em 2019.
SOUZA, Jessé, A modernização seletiva: uma reinterpretação do dilema brasileiro, Brasília Ed. Universidade de Brasília, 2000.
SIGNIFICADOS, < https://www.significados.com.br/democracia/ > acessado em 2019.



[1]Osni Valfredo Wagner: Graduação em Ciências Sociais, Especialista em Gestão PRAA - UFLA - MG, Mestrado em Desenvolvimento Regional - FURB e  Aluno do Curso Intensivo valido ao Doutorado em Direito na UBA - Argentina.







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