terça-feira, 28 de julho de 2020

Por que não a cultura do cancelamento?


Exemplo da importância do debate, mesmo que a outra pessoa diga o contrário defender democracia é defender  o direito de opinar.



Quando digo que não tenho interesse em teoria, o que quero dizer é que não me interessa quem faz pose — quem usa termos sofisticados cheios de sílabas e pretende ter uma teoria quando não tem teoria alguma. […] Não há teoria em nada disso [a filosofia de Lacan, Žižek e Derrida], não no sentido de que estão acostumadas as pessoas nas ciências e outros campos sérios. Tente encontrar em todo o trabalho que mencionou princípios a partir dos quais possa deduzir conclusões, proposições que se pode testar empiricamente, em que se vai além do nível que uma criança de doze anos pode entender em cinco minutos. Veja se consegue encontrar isso quando os termos sofisticados forem decodificados. Eu não consigo. Então não tenho interesse nesse tipo de pose. Žižek é um exemplo extremo disso. Não vejo o menor interesse no que diz.

sábado, 4 de julho de 2020

Indivíduos, consumo - consumismo, individualismo

Parece simplesmente buscar os significados dessas quatro palavras. O que são indivíduos a nossa sociedade que é individualizada, na realidade existem aqueles que não consomem.

Quando pensamos em consumismo referimos a perda do equilíbrio no sentido de necessário.  O individualismo a parte ruim da sociedade do capital em que as pessoas só olham para si.

O estudo sócio-técnico dos mecanismos de controle, apreendidos em sua aurora, deveria ser categorial e descrever o que já está em vias de ser implantado no lugar dos meios de confinamento disciplinares, cuja crise todo mundo anuncia. Pode ser que meios antigos, tomados de empréstimo às antigas sociedades de soberania, retornem à cena, mas devidamente adaptados. O que conta é que estamos no início de alguma coisa. No regime das prisões: a busca de penas "substitutivas", ao menos para a pequena delinqüência, e a utilização de coleiras eletrônicas que obrigam o condenado a ficar em casa em certas horas. No regime das escolas: as formas de controle contínuo, avaliação contínua, e a ação da formação permanente sobre a escola, o abandono correspondente de qualquer pesquisa na Universidade, a introdução da "empresa" em todos os níveis de escolaridade. No regime dos hospitais: a nova medicina "sem médico nem doente", que resgata doentes potenciais e sujeitos a risco, o que de modo algum demonstra um progresso em direção à individuação, como se diz, mas substitui o corpo individual ou numérico pela cifra de uma matéria "dividual" a ser controlada. No regime da empresa: as novas maneiras de tratar o dinheiro, os produtos e os homens, que já não passam pela antiga forma-fábrica. São exemplos frágeis, mas que permitiriam compreender melhor o que se entende por crise das instituições, isto é, a implantação progressiva e dispersa de um novo regime de dominação. Uma das questões mais importantes diria respeito à inaptidão dos sindicatos: ligados, por toda sua história, à luta contra disciplinas ou nos meios de confinamento, conseguirão adaptar-se ou cederão o lugar a novas formas de resistência contra as sociedades de controle? Será que já se pode apreender esboços dessas formas por vir, capazes de combater as alegrias do marketing? Muitos jovens pedem estranhamente para serem "motivados", e solicitam novos estágios e formação permanente; cabe a eles descobrir a que estão sendo levados a servir, assim como seus antecessores descobriram, não sem dor, a finalidade das disciplinas. Os anéis de uma serpente são ainda mais complicados que os buracos de uma toupeira. (DELEUZE, 1992, p. 219 - 226).

Se deixar moldar aos interesses dos empresários como forma de controle escolar como produto da sociedade individuo em formação permanente. Nem todos estão inseridos nesta sociedade das cifras de chavões de palavras de ordens de integrar ou resistir.
As amostras massificadas como dados  de mercado ou bancos. A ordem é surfar entre serpente e toupeira, produto descontinuo. A mutação do capitalismo com controle do indivíduo  em que se fazia a concentração  para a produção e a propriedade. De um capitalismo de de propriedades de meios de produção.  A especialização e a colonização  serviço e ações, produto a venda para o mercado.
As ideologias neoliberais tipo empreendedorismo de um mercado que regula tudo, mascara a realidade de exércitos de massa de reserva que garantem a dominação e exploração a partir da dívida. Mas temos que compreender essas realidades que podemos estar inseridos em um novo normal, novo normal permanente pelo menos até o fim da pandemia?


Fonte bibliografica
DELEUZE, Gilles, POST-SCRIPTUM SOBRE AS SOCIEDADES DE CONTROLE
Conversações: 1972-1990. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992, p. 219-226.Tradução de Peter Pál Pelbart
 < https://ghiraldelli.pro.br/wp-content/uploads/2020/07/Deleuze-Post-scriptum-sobre-sociedades-de-controle.pdf  > acessado em 04 de julho de 2020.