quinta-feira, 30 de outubro de 2025

A Política Migratória de Donald Trump: Xenofobia, Racismo, Retórica de Ódio e Criminalização dos Latinos e Brasileiros

O presente estudo analisa o tratamento dispensado aos migrantes latino-americanos — especialmente brasileiros — durante o governo e o atual discurso político de Donald Trump nos Estados Unidos. Como migrações são tratados atualmente nos EUA, pelo governo Trump? As políticas migratórias e a retórica xenófoba e racistas expressam uma necropolítica de exclusão, sustentada por estigmas raciais e pela construção do imigrante como inimigo. O estudo evidencia como a linguagem e as ações do presidente reforçam práticas de desumanização e de violação de direitos humanos.


Palavras-chave: migrações; xenofobia; necropolítica; Donald Trump; direitos humanos.


Introdução

A política migratória norte-americana, historicamente seletiva e racista, alcançou níveis extremos sob o governo de Donald Trump (2017–2021). 

O discurso de “tolerância zero” e o fechamento das fronteiras transformaram migrantes latino-americanos em alvos de perseguição política, retórica de ódio e exclusão social. 

Em seu novo ciclo político, Trump mantém a mesma narrativa populista e punitiva, com impactos diretos sobre brasileiros e demais latinos que buscam melhores condições de vida nos EUA.


Da Fronteira ao Discurso de ódio: Necropolítica, Racismo e Exclusão Migratória 

Durante seu mandato, Trump implementou políticas de detenção em massa, deportações forçadas e separação de famílias na fronteira.

 A justificativa era o combate à “invasão” migrante — termo repetidamente utilizado em seus discursos. 

Migrantes foram descritos como “criminosos”, “estupradores”, “animais” e “envenenadores do sangue americano”, conforme reportado por fontes como Time (2019), Reuters (2024) e Human Rights Watch (2018).

Os brasileiros, embora em número crescente entre os migrantes, não foram poupados da retórica discriminatória. 

Trump associou o aumento da imigração brasileira ao tráfico humano e à entrada irregular pela fronteira mexicana, reforçando estigmas raciais e econômicos. 

Ao diferenciar “bons imigrantes” (legais) e “maus imigrantes” (ilegais), sua política reatualiza o racismo estrutural travestido de nacionalismo.

O atual discurso político de Trump, em sua tentativa de retorno ao poder, reafirma a ideia de “purificação nacional”, com declarações que remetem à lógica eugenista ao dizer que migrantes estão “envenenando o sangue dos Estados Unidos”. Tal linguagem desumanizadora sustenta uma necropolítica que decide quem pode viver e quem pode morrer à margem da lei e da dignidade.



O Sonho Americano e a Realidade da Exclusão: Racismo e Xenofobia contra Brasileiros nos Estados Unidos

A busca por melhores condições de vida leva milhares de brasileiros a migrarem, legal ou ilegalmente, para os Estados Unidos. Contudo, o chamado “sonho americano” frequentemente se converte em realidade de exclusão, racismo e humilhação, sobretudo para os migrantes latino-americanos e negros.

 Mesmo entre brasileiros brancos, o marcador “latino” os insere em uma categoria inferiorizada no imaginário social norte-americano, marcada pela xenofobia e pela precarização do trabalho.

Durante o governo de Donald Trump, o discurso anti-imigração intensificou o estigma contra latinos. 

Termos como “invasores”, “criminosos” e “animais” foram utilizados para justificar políticas repressivas, deportações e separação de famílias (HUMAN RIGHTS WATCH, 2018; REUTERS, 2024). Essa retórica reforça a ideia de que o imigrante latino representa uma ameaça à nação branca e cristã — um discurso profundamente enraizado na história colonial dos Estados Unidos (MBEMBE, 2018).

Para os brasileiros negros, essa experiência é ainda mais violenta. Eles enfrentam dupla discriminação: o racismo estrutural que já os marca no Brasil e o racismo institucional norte-americano, que associa negritude à marginalidade. 

Estudos apontam que imigrantes negros sofrem taxas mais altas de prisão e deportação (GOMES, 2017). A migração irregular, por sua vez, expõe essa população a condições análogas à escravidão, exploração trabalhista e medo constante da deportação.

É importante lembrar que migrar legalmente exige capital econômico e simbólico — passaporte, visto, comprovação de renda e vínculos sociais estáveis. Assim, a mobilidade internacional se torna um privilégio de classe, inacessível para a maioria da população brasileira. 

A seletividade racial e econômica dos sistemas migratórios perpetua o colonialismo sob novas formas: um apartheid global da mobilidade.





O “sonho americano”, portanto, não é um projeto de liberdade universal, mas um mecanismo de produção de hierarquias raciais e econômicas, que continua a determinar quem tem direito à vida digna e quem é condenado à invisibilidade nas margens do sistema.

Trump e o ‘Gold Card’: Atraindo Ricos para os EUA por US$ 5 Milhões”
O presidente Trump propôs a criação de um visto especial denominado “Gold Card”, com custo estimado em US$ 5 milhões, que substituiria o programa de vistos para investidores EB‑5.  Segundo Trump, o cartão “dará privilégios de green card plus” e caminho para a cidadania americana: “We’re going to be selling a gold card … about $5 million … it’s going to give you green‑card privileges plus … a route to (American) citizenship”.  
A proposta também prevê benefícios fiscais: consultores apontam que detentores do Gold Card poderiam não ser tributados sobre renda auferida fora dos EUA. 
 No entanto, especialistas advertem que o plano ainda carece de base legislativa, já que as leis de imigração e naturalização são definidas pelo Congresso, e questionam se o programa realmente atrairá muitos investidores estrangeiros.  
A iniciativa sinaliza uma reforma de alto valor econômico na política migratória: em vez de restringir imigrantes de baixa renda, o foco é privilegiar os super‑ricos com potencial de investimento no país. 


Conclusão

O tratamento dos migrantes latinos e brasileiros sob Trump revela a face autoritária e excludente do nacionalismo estadunidense contemporâneo.

 A política migratória se converte em instrumento de poder e medo, transformando a alteridade em ameaça. 

Ao associar o imigrante à criminalidade, Trump reforça um projeto político de supremacia branca e controle social. 

Combater essa lógica requer políticas internacionais baseadas nos direitos humanos, na solidariedade e na justiça racial.

E ainda tem brasileiros que sonham em irem para os estadosunidos para serem humilhados, sofrerem racismo e xenofobia por serem latinos mesmo que sejam brancos.

 Realidade que é mais dura para a negritude brasileira que se aventura de ir ilegalmente para os EUA. Ir legalmente para outro país tem custos e se tem que comprovar que tem recursos financeiros para passarem no país.

Em conclusão, a migração de brasileiros para os EUA revela profundas desigualdades raciais e sociais.

 O racismo e a xenofobia estruturais transformam o “sonho americano” em experiência de exclusão e violência. 

Assim, a mobilidade internacional permanece marcada por privilégios de classe e barreiras raciais persistentes.


Bibliográficas

HUMAN RIGHTS WATCH. Trump’s Racist Language Serves Abusive Immigration Policies. 2018.

TIME Magazine. Trump’s Anti-Immigration Rhetoric and Racism. 2019.

REUTERS. Trump Calls Migrants ‘Animals’ and Says They Are ‘Poisoning America’s Blood’. 2024.

WASHINGTON POST. Trump’s Univision Town Hall and Immigration Statements. 2024.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 Edições, 2018.

CHOMSKY, Noam. Quem manda no mundo? São Paulo: Bertrand Brasil, 2016.

Folha de São Paulo, Entenda como é o processo de deportação de migrantes em situação irregular nos EUA, 2025. < https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/01/entenda-como-e-processo-de-deportacao-de-imigrantes-em-situacao-irregular-nos-eua.shtml > Acessado em 2025.

GOMES, Nilma Lino. Educação e relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de enfrentamento do racismo. Educação e Sociedade, Campinas, v. 38, n. 139, 2017.

SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. São Paulo: Expressão Popular, 2013.

Reuters. “Trump floats $5 million ‘gold card’ as a route to US citizenship.” 25 fev. 2025. 

CNBC. “Trump’s $5 million ‘gold card’ visa would give a tax loophole for the wealthy.” 27 fev. 2025. 

The Washington Post. “Trump to replace investor visa program with $5 million gold‑cards.” 25 fev. 2025. 

Euronews. “Trump proposes $5 million ‘gold card’ for wealthy investors, including Russians.” 26 fev. 2025.











Nenhum comentário:

Postar um comentário